Mário Almeida
TEMPOS ESTRANHOS!
Esta nova fórmula de governação, chamada de geringonça, sendo legítima é, ainda assim, estranha.
Sem falar do Bloco de Esquerda, que é assim uma espécie Mix onde se inclui tudo aquilo que é “ex” qualquer coisa, como sejam, ex-Trotskistas, ex-maoistas, ex-PCP, ex-PS e ex-PSD. Um partido ainda sem história, pelo menos comparado com todos os outros.
Causa alguma estranheza o comportamento do Partido Comunista.
Pouco tempo depois de serem conhecidos os resultados do referendo britânico que deu a vitória ao Brexit, o governo português aconselhou os portugueses que vivem naquele país a pedir a nacionalidade inglesa.
Nem quero pensar o que seriam declarações como estas, proferidas pelo anterior governo, nas mãos dos jornalistas e da oposição!
Não é difícil imaginar o deputado João Galamba e a Catarina Martins, no parlamento, a acusar o governo e Passos Coelho de traidores à pátria, que aconselhavam os portugueses, não a emigrar, mas a fugir do país e da nacionalidade.
Mas os tempos são outros e agora tudo se tolera.
O que é ainda mais estranho é o comportamento do PCP que assiste a tudo isto com um silêncio absolutamente estrondoso.
A Caixa Geral de Depósitos está há anos numa situação preocupante. Os governos sucessivos têm dito que é preciso capitalizá-la. Alguma desta necessidade, como se tem visto, resulta de uma gestão do crédito concedido que é, nalguns casos, criminosa.
No entanto, assistiu-se, no parlamento, a aprovação de aumentos milionários para os administradores da Caixa, apenas com os votos contra do PSD e CDS!
De seguida o ministro Mário Centeno aprova e apresenta um plano de recuperação da Caixa Geral de Depósitos, que passa pelo despedimento encapotado, de acordo com o entendimento da Intersindical no passado, de 2500 pessoas!
Despedem-se pessoas para se aumentar os ordenados milionários dos administradores do banco e o PCP aceita tudo isso com uma enorme tranquilidade.
E quando é proposto uma Comissão de Inquérito ao banco público, pelos chamados partidos da Direita, parece que cai o Carmo e a Trindade!
Aquilo que seria uma atitude normal da oposição de esquerda, PCP e BE, caso não estivessem comprometidos com esta governação, agora parece ser um crime de “lesa pátria”.
Mesmo assim, a tal Comissão de Inquérito lá saiu! Com muito custo é certo, com a oposição até do Presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, mas avançou.
Esperemos agora que ela identifique todos os culpados do estado a que chegou o banco público. Os contribuintes não podem continuar a pagar os desmandos de políticos irresponsáveis que, sob o manto da nomeação de administradores muito competentes (sempre!), mas alinhados partidariamente, lá iam controlando o banco e fazendo favores aos amigos.
O argumento mais estúpido que ouvi da parte dos opositores à Comissão de Inquérito, é que pode sobrar “porcaria” para todos os partidos!
E os contribuintes não têm o direito de saber?
Os políticos teimam em fazer os portugueses de parvos. Mas, a verdade, é que alguns são mesmo!
Fiquem bem!
Mário AlmeidaRedação Gazeta da Beira
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