António Nazaré Oliveira: O nosso Muito Obrigada!
• Texto de Paula Jorge
António Nazaré Oliveira: O nosso Muito Obrigada!
• Paula Jorge
António Nazaré Oliveira, uma personalidade que se impos, ao longo dos anos, no ensino e na cultura. Esteve sempre ao serviço da comunidade, ao dispor de Lafões, dos colégios locais, destacando-se o colégio de Santo Agostinho e a Escola Secundária Emídio Navarro, em Viseu.
Já na sua dissertação de licenciatura escolheu o tema “Lafões” e foi a partir daqui que mergulhou no passado da nossa região, do qual resultou LAFÕES, SUBSÍDIOS PARA A SUA HISTÓRIA. No Colégio de S. Tomás de Aquino, trabalhou os primeiros anos da sua carreira profissional. Ali aprendeu a ser professor e muito mais. A sua permanência era constante: abria e fechava o Colégio, cuja criação foi um marco na história de São Pedro do Sul e a sua passagem por lá um marco na história da sua vida.
Em 1956 ficou com o encargo de montar e dirigir o Colégio de Santo Agostinho, com externato e internato, em Viseu. Residiu no Colégio e dirigiu-o durante 10 anos: Ali foi diretor, professor, vigilante e orientador dos salões de estudo, ecónomo e contabilista.
Em 1971, sem deixar de residir era Viseu, voltou profissionalmente à sua terra, para montar e dirigir a Escola Preparatória, então criada. Cumprida esta missão, preparou-se para outro rumo. Após 24 anos de ensino particular, ingressou no ensino oficial como professor efetivo da Escola Secundária Emídio Navarro, onde lecionou 16 anos, até se aposentar, em 1992. Pouco tempo depois, o Secretário de Estado dos Recursos Educativos publicava no Diário da República, II Série, um louvor “pela elevada formação científica e pedagógica, permanente disponibilidade, excelente relacionamento humano, total empenho e elevadíssima competência profissional”. Aproximava-se a data da Comemoração do Centenário da criação da Escola. A sua história estava por escrever. Propôs-se fazê-lo. Vasculhou arquivos, leu centenas de atas, mais de um milhar de ofícios, contas de gerência, diplomas oficiais, papelada de 100 anos. Articulou os dados e deu à estampa o livro DA ESCOLA DE DESENHO INDUSTRIAL DE VISEU À ESCOLA SECUNDÁRIA. DE EMÍDIO NAVARRO (1898-1998) e abriu com o soneto que fez para os Jogos Florais do Centenário e foi 1º prémio.
Paralelamente à atividade docente, dedicou-me à investigação histórica e à escrita. Na imprensa regional, nas revistas Beira Alta, Milénio (Inst.Politécnico), Revista Portuguesa de História do Livro, neste caso a convite do Diretor, que muito o honrou, pela categoria da revista e qualidade dos colaboradores, na maioria Professores de Universidades europeias (Paris, Sorbonne, Barcelona); ali deixou um trabalho sobre um tema de Lafões: “SOBRE A NATURALIDADE DE DUARTE DE ALMEIDA; 0 DECEPADO DE TORO”. Após a aposentação, intensificou a investigação e publicou alguns livros: em 1996, A RAINHA D. AMÉLIA EM SÃO PEDRO DO SUL, editado pela Câmara Municipal da presidência do Dr. Bandeira Pinho e prefaciado pelo Prof. Doutor Carvalho Homem que o apresentou em sessão do centenário da presença da Rainha; a LENDA DE SÃO MACÁRIO, cujos direitos de autor cedeu à Fábrica da Igreja de S. Martinho das Moitas, que já fez várias edições e o vende no dia da festa; em 2002, TERMAS DE SÃO PEDRO DO SUL (ANTIGAS CALDAS DE LAFÕES), com o patrocínio da Câmara Municipal da presidência do Dr. António Carlos Figueiredo; foi apresentado no dia do Município, em sessão solene comemorativa dos 850 anos da criação do Concelho do Banho, o mais antigo de Lafões; foi-lhe atribuída a Medalha do Município. “PARA A HISTÓRIA DA ASSISTÊNCIA NO DISTRITO DE VISEU, ANTES DAS MISERICÓRDIAS”, na comemoração dos 500 anos. Neste trabalho, Lafões ocupa lugar de destaque, com a Albergaria de Reigoso, a Gafaria do Banho e o Hospital Real das Caldas de Lafões. Na Revista Beira Alta publicou monografias sobre as freguesias de Baiões, Bordonhos e Vila Maior. Em 2004, foi-lhe atribuído o PRÉMIO ANIM’ARTE INVESTIGAÇÃO.
Na sua última entrevista que deu à Gazeta da Beira, na rubrica “Gente que Ousa Fazer”, há cerca de 1 ano, dizia assim:
PJ – Para fechar esta entrevista, o que me diz o seu coração?
NO – “Que só não me sinto completamente realizado, porque a realização plena nunca é possível. Há sempre muito que fica por fazer. A vida é complexa e demasiado curta para se fazer — e sobretudo fazer bem — tudo o que se pretendia. Fico sempre admirado quando, em entrevistas, vejo e ouço, até figuras públicas, a dizerem que não se arrependem de nada do que fizeram e voltariam a fazer tudo na mesma. É uma afirmação pretensiosa e insensata. Eu fiz coisas mal que não voltaria a fazer; coisas bem que repetiria; e outras que faria de maneira diferente, mas sempre para melhor. Errar é próprio da natureza humana e a primeira condição para corrigir os erros é reconhecê-los.”
PJ – Quero, em meu nome pessoal e em nome da Gazeta da Beira, dizer-lhe que foi uma enorme honra, Dr. Nazaré de Oliveira! Desejo-lhe um feliz ano novo, a continuação de um excelente trabalho e MUITO OBRIGADA! Peço-lhe que deixe uma mensagem breve a todos os nossos leitores.
NO – “À GAZETA DA BEIRA e a todos os seus leitores, a minha saudação. Para os que me leram, alguns dos quais fizeram chegar até mim o testemunho do seu apreço pelo que escrevo, entre os quais muitos dos meus antigos alunos sampedrenses e alguns amigos de infância e juventude, um saudoso abraço. Agora que o convívio físico é praticamente impossível, tem sido para mim um prazer este convívio sentimental através do pensamento e da escrita. Enquanto puder, continuá-lo-ei!”
26/01/2023
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