A. Moniz de Palme (Ed. 650)

Somos sempre uns eternos pacóvios perante o que vem lá de fora, mesmo que nos prejudique gravemente...! (2)

Somos sempre uns eternos pacóvios perante o que vem lá de fora, mesmo que nos prejudique gravemente…! (2)

(Continuação do texto publicado na edição da Gazeta da Beira nº641 de 24 de Outubro de 2013)

Ed650_DrMonizContinuando o raciocínio do artigo anterior, sobre a “Influência da Moda na Política”, a perversão de copiar tudo o que se usava além fronteiras nunca mais parou e novas modas iam passando a salto as terras raianas. Os amantes de tudo o que é novidade, na sua perspectiva saloia e pouco avisada, sem o necessário espírito crítico, abriam os braços a tudo o que lhes parecia progressista, assumindo todos os disparates possíveis e imagináveis, pretendendo suprimir valores que eram aceites pela maioria da população como fundamentais, violentando gravemente a sua maneira de ser, sem lhes dar nada em troca. A moda do secretismo, implantado pelo movimento maçónico, nomeadamente francês, que acabou por assassinar o Rei e derrubar o Regime Monárquico, implantou uma república, que atacou os valores da Igreja, chegando ao extremo de proibir a evangelização e a actividade dos missionários no Ultramar, muitas vezes os únicos médicos e professores que ajudavam as populações, tanto colonos como indígenas.

Na verdade, chegaram os seus expoentes a proclamar em Braga que acabariam com a religião em dois anos.

Mas, tal só seria possível violentando a Liberdade do Povo…! Ao mesmo tempo, com receio do mesmo Povo que diziam representar, acabaram com tudo que cheirasse a acção operária ou politicamente socialista e mantiveram o centralismo feroz herdado do absolutismo e do liberalismo. O Poder Popular continuou marginalizado e silenciado, pois era incómodo para os esquemas que a moda nos impingiu. Até parecia que se esgotava aí o programa político republicano, pois as profundas alterações na educação já tinham começado no Liberalismo.

E nem sequer tentaram alterar os males do parlamentarismo anterior, zurzido bravamente pelo escritor beirão, Nuno de Montemor, que criticava o funcionamento das Cortes, por não terem o contra peso do Poder Local e esgotando-se os parlamentares em discussões estéreis que nada beneficiavam quem diziam representar, não ajudando a resolver os graves problemas que afligiam a colectividade e criando entraves inexplicáveis ao Poder Executivo. Para cúmulo, com a República, o leque social dos deputados fechou-se sobre si mesmo. Na verdade, apenas podiam ser parlamentares os escolhidos pelos partidos republicanos, o que redundou num Congresso cheio de elementos da alta burguesia endinheirada, pertencente à maçonaria. Escandalosamente, apenas um operário foi escolhido para deputado nas primeiras eleições republicanas. Está tudo dito

Mas a moda não parou de evoluir e, pós a primeira guerra, surgiram correntes políticas europeias, com vários matizes, nascidas do nacional socialismo, que logo entraram nos circuitos da moda europeia. Como não podia deixar de ser, apareceu em Portugal um movimento centralista mascarado de democracia cristã, macaqueando alguns dos princípios integralistas, mas continuando a esquecer completamente os princípios de Liberdade e do Poder Local instaurados pela Monarquia Tradicional. O que poderia ter sido o ressurgimento do país, com a Segunda Republica do Estado Novo, que apesar de tudo levou a cabo a recuperação económica que não pode ser desmentida, transformou-se numa ditadura paternalista, apenas com liberdade de expressão e de reunião na altura das eleições, eleições essas para a Assembleia Nacional, sendo vencedor o conjunto de candidatos da lista partidária que obtivesse a maioria dos votos. Por consequência, não foi aceite o método proporcional, para permitir a presença, no órgão legislativo, de representantes de todas as listas concorrentes, isto é, de todas as correntes de opinião. Além do mais, continuou-se com a prática deplorável de responsáveis autarcas nomeados e não eleitos pelos moradores dos respectivos municípios ou freguesias. Seguindo a tradição da falecida primeira república, os órgãos autárquicos apenas podiam organizar localmente as mesas de votos, publicar a convocação dos mancebos às sortes e cobrar os respectivos impostos de índole local.

E a Terceira República, pós 25 A, não acabou com as perversões provocadas pelas novas Modas Politicas, que infelizmente desgraçavam a Economia Mundial e nomeadamente a Portuguesa. Em primeiro lugar, os partidos políticos passaram a escolher para as suas fileiras gente por imposição de organizações secretas que desse modo procuravam satisfazer interesses de grupos e de pessoas. E a maioria viu-se manietada para reagir contra este tipo de interferências, pois apenas podia actuar através das máquinas partidárias e estas deixaram de pensar pela própria cabeça, para estarem completamente controladas por organizações secretas, que igualmente dominavam a economia. Dominavam e dominam a Economia, bem como os órgãos de comunicação social.

Deixou o povo de escolher os seus representantes, podendo antes e somente escolher entre as figuras nomeadas de cima para baixo pelas organizações políticas concorrentes às eleições, com a protecção da intocável Lei Eleitoral vigente.

O Povo, como opção, em relação aos dois partidos que se têm substituído no poder, poderá apenas votar em deputados escolhidos, com o aval das seitas secretas de quem ninguém conhece os objectivos. Vivemos manietados por um Estado Invisível dominador e irresponsável, dentro de um Estado Legítimo Democrático…! E é desse alfobre dos escolhidos que saem os gestores das empresas públicas e da banca. Figurões que têm arruinado o país, locupletando-se à custa do erário e reservando todas as actividades que poderão ter êxito e lucro para os seus grupos económicos.

Toda esta situação é ilegítima. Claro que os bem pensantes, completamente comprometidos com tal regabofe, não permitem a criação de legislação eficiente que os meta na cadeia, bem como a canalha que impunemente tem delapidado o património nacional. E ninguém lhes pode ir à mão, essa é a terrível realidade!!!…

O português comum vê gente chegada ao poder, quase de pé descalço e, passados dois ou três anos, ser possuidora de avultadas fortunas, aparecidas de um momento para o outro, sem qualquer justificação. Antigamente, os ricos ganhavam dinheiro com o suor do seu rosto, com a sua actividade profissional, industrial, comercial e agrícola. Hoje em dia, essa gente não cria riqueza, delapida tão só e impunemente o património que é da comunidade. A moda da corrupção e da roubalheira republicanas, protegida por organizações que controlam os executivos, está de pedra e cal no nosso pobre país. Para vencer a possível resistência da nossa gente, tentam dar cabo dos seus Valores Morais, mesmo desrespeitando não democraticamente a sua própria vontade.

O regime republicano está indubitavelmente ferido de morte, arrastando com ele a própria Democracia.

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Redação Gazeta da Beira